quinta-feira, 26 de agosto de 2010

BULLYING ou RACISMO: Coordenadoria de Políticas de Igualdade Racial atenta à questão

O preconceito, que em casos extremos denotam até casos de racismo, travestidos por um problema social atual, o chamado bullying (termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos contra uma pessoa) tem sido o tema abordado pela Coordenadoria das Políticas de Igualdade Racial. O trabalho iniciou durante a 4ª Semana da Juventude, em palestra na Secretaria de Educação do municipio.

A coordenadora Maria Aparecida Mendes, fala que o setor realiza visitas à escolas para tratar do assunto. “Já temos relatos de casos onde uma criança negra é chamada de macaco pelos colegas, e questionada, visivelmente oprimida, classificou o ato como brincadeira”, disse. Mas não é brincadeira. De acordo com Maria Aparecida, casos assim ultrapassam a fronteira do que pode ser considerado bullying. “O termo pejorativo, que remota à condição de racismo, vindo de crianças, muitas vezes está relacionada com a formação familiar, o que podemos classificar como grave”, aponta.

Para orientar quanto ao problema, a Coordenadoria prevê a visitação à escolas a fim de identificar os tipos de casos, e auxiliar no encaminhamento. “Falamos com as turmas e orientamos quanto à ajudam que devem procurar, também atentos à orientação aos casos de racismo”, explicou.

Essa linha tênue entre a tipificação de um problema de relacionamento social de determinados grupos (bullying) e crime (racismo), tem sido o foco desse trabalho desenvolvido pela Coordenadoria.

Para abordar o assunto, a equipe que trata das Políticas de Igualdade Racial na Prefeitura irá conversar com alunos e familiares na escola Nelson Paim Terra, bairro Rio Branco, no próximo dia 9. O encontro acontece a partir das 19 horas. No dia 13, na mesma escola, a conversa é com estudantes do turno da manhã.

PRECONCEITO

Além de escolas, a questão que envolve preconceito de qualquer espécie é levada a outros recantos onde possa haver exclusão. Na tarde desta quinta-feira, a Coordenadoria de Políticas de Igualdade Racial esteve na Quilombo Urbano Chácara das Rosas, no bairro Marechal Rondon. Entre os temas, a orientação quanto às leis 10639/03, que trata dos direitos aos afrodescentedentes, e a lei 11645/08, que tem como alvo outro grupo passível de preconceitos, que são os indígenas.

Jesiel B. Saldanha

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Racismo é tema do Juventude debate




Com o tema será Onde você guarda seu racismo? O Juventude debate reuniu estudantes, nesta manhã, no auditório da Secretaria Municipal de Educação, no Conjunto Comercial Canoas. Participaram como palestrantes Oscar Henrique Cardoso, do grupo Multiétnico; a coordenadora da Igualdade Racial, Maria Aparecida Mendes, e o vereador jovem da legislatura 2010-2011, Éverton Silva. A atividade faz parte da programação da 4ª Semana Municipal da Juventude, organizada pela Coordenadoria Municipal da Juventude, que se estende até domingo, 15.

Bulliyng

Oscar abordou a situação de escravidão a que foram submetidos os negros africanos no Brasil, por mais de 300 anos, acrescentando que o Brasil é a maior diáspora negra do mundo fora do continente africano. Explicou, ainda, a diferença entre raça – a humana – e etnias, como ariana, negra e árabe. Também traçou a ligação entre racismo e bulliyng, que para ele está chegando ao extremo. Oscar falou aos estudantes sobre a importância de aceitar e amar todas as pessoas, mesmo que elas sejam diferentes dos padrões estabelecidos pela sociedade.

Maria Aparecida citou a existência de duas leis que obrigam o ensino da cultura africana e indígena nas escolas brasileiras e gaúchas.

Éverton relatou experiências pessoais como jovem negro que se propõe a “fazer a diferença”. Ele aconselhou aos jovens presentes a aproveitar as boas oportunidades recebidas e que são iguais para todos. Os estudantes comentaram situações do dia a dia com os palestrantes.

Eloá da Rosa

Cultura cigana: povo sem fronteiras que ainda sofre com a discriminação



Representantes de um povo com tradição milenar, com cultura própria, roupas coloridas e muita alegria, estiveram reunidos na manhã desta terça-feira, 10, em Canoas. Os ciganos foram os protagonistas do Iº Encontro da cultura cigana e das Diferenças Que Não Existem, evento promovido pela prefeitura de Canoas através da Coordenadoria das Políticas de igualdade racial.

A atividade aconteceu no auditório da Biblioteca Pública Municipal e reuniu ciganos da Região Metropolitana, de cidades como Esteio, Alvorada, Gravataí, Porto Alegre, além de Canoas.

Conforme a coordenadora e igualdade racial, Maria Aparecida Mendes, o objetivo do encontro foi justamente dar visibilidade a esta parcela da população, que ainda sofre com preconceito e discriminação.

PRECONCEITO

Uma das coordenadoras da atividade foi a representante do Instituto de Apoio ao Movimento da cultura cigana no Brasil, Lorí Emanoela. Ela é descendente de ciganos da etnia Kalin, com origem em Portugal e observou que o preconceito ainda é recorrente contra seu povo. “Por temos tradição de origem nômade, enfrentamos dificuldades em muitos locais”, afirmou.

Lorí estima que no Brasil existam aproximadamente 600 mil ciganos, dos quais seis mil vivem em acampamentos.

A integração do povo cigano ao povoamento do Estado também foi lembrada durante o encontro. De origem portuguesa, muitos vieram para o Rio Grande do Sul na época da imigração Açoriana, e junto, trouxeram suas tradições. “Na própria cultura tradicionalista, as vestimentas das prendas em muito tem relação com a roupa da mulher cigana”, disse Lorí.

NÔMADES

Oriundos da índia e espalhados pelo mundo, Lorí diz ainda que a contribuição cigana também pode ser vista na culinária, através de condimentos e temperos originais do oriente, e que tiveram nas mãos dos ciganos sua expansão pelo mundo.

As manifestações culturais puderam ser vistas na dança, na espiritualidade e nas roupas, essas muito coloridas, adornadas com enfeites e que seguem o mesmo estilo há anos.

A característica nômade, foi herdada a partir de perseguições, em diferentes lugares do mundo, para o qual Lorí sintetizou o sentimento de seu povo. “Fronteiras são somente linhas em um mapa”, disse.

Ela adianta que ainda não possui dados sobre a comunidade de ciganos em Canoas, mas que um trabalho de mapeamento estará sendo feito.

O secretário de cultura, Jéferson Assumção, destacou o evento. “Temos que nos engajar para dar visibilidade a esta cultura colorida, musical, gestual, espiritual e contemporânea, que é a dos ciganos. São um povo que vive no mundo, sem fronteiras , como habitantes desse planeta e tem muito a nos ensinar”, avaliou.

Jesiel B. Saldanha

Mulheres negras manifestam reivindicações na Carta de Canoas




Participantes do 1º Seminário Canoas em Luta: a Mulher Negra em Debate elaboraram a Carta de Canoas (veja íntegra abaixo). O evento ocorreu na manhã desta quinta-feira, no Auditório Sady Fontoura Schwitz da Prefeitura, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, em 25 de julho.

Na abertura dos trabalhos, o prefeito Jairo Jorge saudou as participantes e ressaltou a importância do debate para contribuir na elaboração de políticas públicas para as mulheres negras. O vice-prefeita e secretária da Saúde, Beth Colombo, que o representou no encontro, disse que a dívida para com os negros do país está no dia a dia e é impagável, mas eventos como os de hoje despertam a consciência para a igualdade. Observou, ainda, que a força física e de alma dos negros evitou que fossem aniquilados. O seminário foi aberto pelas coordenadoras de Políticas para as Mulheres, Maria Aparecida Flores de Lima e de Políticas de Igualdade Racial, Maria Aparecida Mendes. A Coordenadoria da Diversidade apoiou o evento.

Violência

A palestrante convidada, professora Franquelina Marques Cardoso, fez um relato sobre a história de opressão e falta de oportunidade para os negros, alertando que uma das maiores formas de violência contra a etnia, atualmente, são o racismo e a desigualdade social. Também sugeriu políticas públicas para as mulheres negras nas áreas da educação, saúde e mercado de trabalho.

Nos momentos culturais, houve apresentações de dança afro com Tatiana Fragoso e do grupo Zinga Black, da Associação Beneficente e Cultural Afrodança Ojuobá, formado por crianças e adolescentes. O encerramento teve samba da minibateria da escola Unidos do Guajuviras e participação das porta-bandeiras das escolas de samba Acadêmicos de Niterói e Os Tártaros.

CARTA DE CANOAS

Excelentíssimo Senhor Jairo Jorge

Prefeito da cidade de Canoas

A Coordenadoria das Políticas de Igualdade Racial, a Coordenadora das Políticas para Mulheres e o Grupo Multiétnico de Empreendedores Sociais, juntamente com a sociedade civil representada por 157 pessoas que se fizeram presentes no Seminário Canoas em Luta; Mulher Negra em Debate, após assistirem a palestras com temáticas voltadas para a situação da mulher negra nas diversas áreas sociais, acompanharam as reivindicações levantadas por elas, a fim de formular um documento a ser entregue a vossa excelência, para assim tomar conhecimentos das necessidades específicas dessa fatia da sociedade, que representa 50% da população brasileira.

Considerando a situação das mulheres negras das comunidades de Canoas que possuem baixa escolaridade e estão na faixa de 40 anos fora do mercado de trabalho ou no mercado informal.

Considerando a pesquisa realizada pelo DIEESE que diz que a vivência das afro descendentes no mercado de trabalho tem sido sistematicamente frustrada por elevadas taxas de desemprego.

Em um contexto de baixo crescimento econômico, a escassez de oportunidades de trabalho foi sentida de maneira mais aguda pelas trabalhadoras negras. Aqui no estado, o diferencial observado para esse indicador entre os homens não-negros (11,9%) e as mulheres negras (25,7%) alcançou 13,8 pp. Uma explicação rápida e superficial para a segregação sofrida pelas afro brasileiras na região.

Considerando a falta de creches para que estas mulheres negras possam trabalhar.

Considerando a falta de oportunidades para profissionais formados acima de 40 anos.

Considerando a não existência de cotas para negros nos concursos públicos

Considerando que mais de um terço dos ocupados na pesquisada pela PED encontram-se em situação vulnerável de trabalho, isto é, são assalariados sem carteira assinada, autônomos, trabalhadores familiares não-remunerados ou empregados domésticos onde as mulheres negras representam 93% das profissionais conforme pesquisa do IPEA.

Considerando que as mulheres negras brasileiras ocupam o nonagésimo oitavo lugar entre 140 países, levando em conta o Índice de Desenvolvimento ajustado ao Gênero (IDHG) que avalia a renda per capita, nível de instrução e o nível de expectativa de vida.

Considerando a saúde da mulher negra a qual apresenta o maior índice de morte materna motivadas por pressão alta entre outras doenças étnicas tais como; diabetes e anemia falciforme.

Considerando que a Lei 10639/03 ainda não foi efetivamente implementada nas escolas municipais, estaduais e privadas, sendo ela um alicerce para o combate ao racismo e promoção para igualdade racial.

Considerando a falta de um acervo de bibliografias, formação continuada de trabalho para professores.

Considerando o baixo índice de escolaridade da mulher negra constatado pelo IBGE.

Por essa razão foram elencadas propostas pela sociedade civil na área de educação, mercado de trabalho e saúde por serem áreas que possuem necessidades emergenciais para essa parcela da população.

PROPOSTAS

MERCADO DE TRABALHO

Políticas de geração de renda às mulheres da comunidade de Canoas para criar uma frente de trabalho; realizar um diagnóstico para conhecer o potencial de cada uma e após formar cooperativas e /ou associações.

Cursos profissionalizantes, cursos técnicos.

Trabalhar a auto-estima das mulheres negras por meio de palestras motivacionais para lideranças.

Cotas para concurso público

Cotas nas empresas privadas

Inserção da mulher acima dos 40 anos no mercado de trabalho

Criação de creches comunitárias para as mulheres negras desenvolverem suas atividades profissionais com tranqüilidade.

EDUCAÇÃO

Lei 10.639/03 ser efetivada no âmbito escolar tendo em vista a igualdade racial, negros, ciganos e indígenas solicitamos por parte da Secretaria de Educação.

Uma retomada na literatura com análise criteriosa com especialistas para selecionar as bibliografias e temas que contemplem as referidas culturas.

Capacitar o corpo docente para saber trabalhar a temática

Desenvolver projetos específicos, a fim de motivar as mulheres negras das comunidades a darem continuidade aos estudos.

Integração com outras etnias nas áreas cultural, social e educacional, a fim de conhecer melhor as demais culturas.

Que as escolas façam trabalhos de integração no âmbito nacional, municipal e estadual.

Grupos de trabalhos sistemáticos e contínuos para capacitar professores para melhor atender as diretrizes curriculares nacionais para educação das relações étnicos raciais e para ensino da história e cultura afro brasileira

SAÚDE

Que o município de Canoas implante um programa que preveja o diagnóstico a identificação e a capacitação dos profissionais da saúde pública para atender a população afro-brasileira lotada em Canoas.

Que os profissionais de saúde como os técnicos em enfermagem estejam capacitados a realizar exames de coleta ginecológica (papanicolau) encurtando o tempo de atendimento e os prazos de resultados da entrega dos referidos exames.

Que o município promova campanhas públicas de divulgação da doença falciforme entre outros males

Que nos formulários de identificação de atendimento médico seja mais bem identificado o quesito raça, que haja melhor treinamento dos funcionários dos postos de saúde para que orientem os pacientes a se auto-identificarem.

Fortalecer o município implantar de fato e de ato uma política de planejamento familiar, a qual trate de implantar o uso dos métodos contraceptivos nas ações da saúde pública

Que se implante no município um efetivo plano de saúde mental direcionado à população negra

Um programa que trate de ações de identificação e combate à depressão esquizofrênica e uso de entorpecentes.

Que uma política pública que barre o crescimento da epidemia HIV em Canoas seja implantada de fato e de ato que haja um olhar específico para a vulnerabilidade existente junto à população negra canoense em relação ao HIV e demais doenças sexualmente transmissíveis e as hepatite B e C.

Respeitar os costumes de cada etnia, como exemplo a cultura cigana, e que médicos ginecologistas serem mulheres

Considerando as necessidades aqui levantadas pela sociedade civil encaminhamos esta carta a fim de buscar junto à prefeitura a efetivação de Políticas Públicas de ações afirmativas para as mulheres negras deste município.

Certo de seu acolhimento e interesse em atender as demandas da comunidade do município de Canoas remetemos esta carta."

Eloá da Rosa